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16.º Festival Internacional de Teatro Cómico da Maia

16.º Festival Internacional de Teatro Cómico da Maia

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A décima sexta edição do encontro que atrai enchentes ao Fórum da Maia chega sob o mote “Muito Riso, Muito Siso!”, numa tentativa de provar que, contrariamente ao que nos diz o saber popular, os adeptos de uma boa gargalhada não são os menos ajuizados. O que se pode ver é “uma espécie de esconjuro contra a crise, questionando o tão (mal) dito popular que nos quer convencer que quem ri não tem juízo”.

“Para eles saberem que nós sabemos”

Mas o objectivo destes especialistas do riso não é, apenas, provocar a gargalhada geral, mas despertar o público para a reflexão, o que exige inteligência na preparação do espectáculo. Em declarações à Viva, José Leitão explicou que o truque passa por ter “bons textos ou bons pretextos trabalhados por profissionais criativos que olhem para o espectador como uma pessoa pensante e curiosa”.

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“Depois, como o teatro é, além de entretenimento, uma arte, a proposta deve acrescentar algo ao que já foi dito, ao que toda a gente faz, fugir do lugar comum, surpreender, provocar perguntas, diversos risos, desde o rir às gargalhadas ao riso amarelo”, acrescentou o director artístico do Teatro Art’Imagem. A gargalhada surge, assim, nesta edição do FITCM como “um murro na mesa contra os que sempre nos põem em crise e nos querem culpar pelos seus erros”. As 25 peças de teatro e as nove animações de rua que compõem o cartaz deste ano utilizam as várias disciplinas do teatro cómico, transmitindo mensagens e críticas de forma subtil. É “para eles saberem que nós sabemos”, garantiu José Leitão.

Mais gestos, menos palavras

Pela primeira vez, o palco do FITCM vai receber artistas do leste europeu, que apostam num teatro que faz o menor uso possível da palavra. “As novidades são a participação de companhias e artistas de dois países do leste europeu, a Polónia e a Ucrânia, que vão apresentar espectáculos de mimo e pantomima, disciplinas teatrais que no leste têm uma tradição antiga e que em Portugal praticamente não existem”, referiu José Leitão à Viva.

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A presença de artistas portugueses, espanhóis, brasileiros, australianos, italianos, belgas, polacos e ucranianos surge como uma mais-valia, já que, para o director da companhia, não há diferenças na forma de fazer rir. “Ao contrário do que se vai dizendo, às vezes até com laivos de xenofobia, eu penso que os homens são todos iguais, aqui ou na Cochinchina. (…) A única diferença entre os [artistas] nacionais e estrangeiros é que os portugueses podem usar a sua língua e são entendidos por todos; os estrangeiros precisam, às vezes, mais da acção do que da palavra”, defendeu José Leitão, garantindo à Viva que neste festival todos se entendem. “Quem não entende deve perguntar para entender. É assim que o Homem se completa, perguntando, escutando”, concluiu.

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Paródia assegurada

As cortinas do anfiteatro exterior do Fórum da Maia abrem, pela primeira vez, no dia 1, às 21h30, para apresentar o “musical hilariante” Funky Junk, criado por Linsey Pollak, da Austrália. Neste espectáculo é possível ver “bolas de ping pong a roçar em cabeças rapadas e pernas depiladas, gaitas feitas a partir de luvas de borracha” e ouvir o som de Mr. Curly, “um clarinete contra-baixo feito a partir de mangueiras”. No dia 3, domingo, chega Krosny, um mimo adorado pelo público polaco, que não usa maquilhagem, actuando sempre de negro. Para segunda-feira, dia 4 de Outubro, o serão do FITCM promete “100 gramas de provocação, duas taças de perseguição, três copos de interacção, quatro sacos de improvisação, duas colheres de chá de arrojo e várias doses de humor”, que geram KAPUM, uma animação de rua portuguesa.

No sábado, dia 9, os amantes das gargalhadas podem conhecer Paper World, um espectáculo da Ucrânia que tem como fio condutor o papel branco com o qual os clowns interagem permanentemente. Trata-se de uma “alegoria original sobre uma pessoa gananciosa que aspira tudo para si mesmo, sendo capaz de se encher até atingir grandes dimensões”. Neste espectáculo, da autoria de Mimirichi, adivinha-se uma forte crítica à vontade do ser humano de “querer o poder sobre tudo e todos”.

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FITCM sem apoio do Estado

O presidente da Câmara Municipal da Maia, Bragança Fernandes, encara a décima sexta edição do festival como um acto de firmeza da autarquia. São “dezasseis anos de persistência em manter viva uma iniciativa cultural prestigiada, num contexto económico e financeiro cada vez mais difícil. Dezasseis anos de persistência em não pactuar com o facilitismo que destrói a qualidade”, apontou o autarca.

Bragança Fernandes recordou também que, ao contrário de muitas actividades culturais, “o Festival Internacional de Teatro Cómico da Maia nunca recebeu qualquer apoio” estatal. A realização do espectáculo é, assim, para o presidente, uma clara aposta maiata na cultura, num cenário em que “a maior parte das iniciativas de vulto desenvolvidas pelo poder local terminaram ou estão agonizantes”.

Mariana Albuquerque

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