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PD - Revista Sabe Bem

Decorações de Natal

Decorações de Natal
Hoje, como velho chato que sou, venho reclamar contra as decorações de Natal em geral. Nem vou perder muito tempo a falar daquela moda já gasta do boneco do Pai Natal pendurado fora da janela. Cada vez que vejo um Pai Natal, de saco às costas, a tentar entrar por uma varanda, sinto sempre que para ficar mesmo bonito ainda faltava uma rena a tentar arrombar a fechadura da porta do prédio.
Só consigo perceber esta ideia porque também tenho o meu lado exibicionista, e compreendo estas pessoas que apreciam ter um velho de barbas a espreitar pela janela do quarto. Mas isto foi só um aparte.
Não sei se já repararam, mas longe vão os tempos em que as decorações de Natal só queriam iluminar e alegrar e não nos queriam vender nada. Hoje em dia, o que temos nas nossas ruas não são decorações de Natal, são logotipos de empresas com luzes que piscam e um bocadinho de azevinho em cima.
Os miúdos já perguntam quando é que vem o senhor da NOS das barbas brancas que traz as prendas. E estão chateados porque a nossa árvore de Natal só tem bolas em vez de anúncios. Tive que ir pendurar uma placa a dizer “Novo Banco” no lugar da estrela e luzes que tocam a música da Vodafone, senão os miúdos não iam para a sala.
Isto tem de parar! A seguir vem o Presépio da Audi ou da Volkswagen, com o novo Golf no lugar da vaca, uma versão do São José a gasóleo e a Nossa Senhora a não conseguir segurar a cabeça, não porque esteja com sono, mas porque lhe puseram o símbolo da Audi no lugar da auréola.
Uma pessoa está à lareira com os miúdos na noite de Natal a contar a história do Senhor da Coca-Cola, que vem num trenó alugado à Avis com seis renas gentilmente cedidas pelo Talho de Campo de Ourique. Vamos parar com isso, está bem?! Eu prefiro ir para a Avenida da Liberdade dar com a cabeça nas árvores porque está escuro, do que ter um Menino Jesus que me ilumina mas que está vestido com uma Fralda da Lindor para incontinentes. Maldita publicidade, qualquer dia estamos a pôr intervalos para publicidade nas caixas de música dos bebés.
E a mania que tem que ser tudo em grande. A maior manifestação de Pais Natal. O maior presépio vivo do mundo. A maior árvore de Natal da Europa. Orgulham-se de descrever uma árvore de Natal como quem descreve um boi – tem três milhões de lâmpadas, pesa 280 toneladas e tem uma altura de 76 metros. Para esta gente o ideal era o Godzilla com luzes a piscar e neve carbónica. Onde é que anda o pinheirinho de Natal da música Provavelmente foi abatido para para dar de comer ao camelo do maior presépio vivo. Para que é que as pessoas querem ter a árvore de Natal mais alta do mundo?! Para quê? Ela não vai jogar basquetebol. Não vai mudar uma lâmpada. Não faz sentido preferir ter a maior árvore de Natal do mundo em vez da mais ternurenta, ou a mais sensível. Ter a MAIOR árvore de natal do mundo é como querer ter o presépio do mundo com o menino Jesus com mais barba.
É ridículo medir símbolos natalícios pelo tamanho. “Ai, eu tenho o Pai Natal mais bem constituído da Europa. Dá umas prendas de merda, mas tem cá um cabedal. Pode não gostar de crianças mas é tramado para a porrada.”

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(João Quadros, in Sapo24){jcomments on}

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