A depressão é uma doença psíquica que afeta todas as idades. Caracteriza-se por perturbações do humor que prejudicam e muito a vida de todos os dias. A depressão não deve ser confundida com cansaço ou uma tristeza passageira, porque estas não são doenças.
Porque surge a depressão?
Vários fatores intervêm no aparecimento da depressão, sendo as suas causas ainda mal conhecidas.
Fatores psicológicos
Dificuldades durante a infância (relação com os pais, traumas), episódios recentes (morte, desemprego), crenças negativas.
Vulnerabilidade individual
Algumas pessoas expostas a acontecimentos difíceis não têm depressão e outras têm, mesmo sem motivo aparente.
Fatores relacionados com a saúde física
Doenças graves, deficiência, dependência de álcool, tabaco e outras substâncias, para acalmar as angústias.
Fatores ambientais
Acontecimento perturbador ou de stress excessivo (ex. conflito familiar ou profissional)
Fatores biológicos
Nas perturbações depressivas, o funcionamento do cérebro fica perturbado. Existem anomalias na produção e controle de determinados neurotransmissores.
Os sintomas e o diagnóstico da depressão
É difícil avaliar pessoalmente o seu estado psicológico: é indispensável a avaliação de um médico.
A depressão manifesta-se, muitas vezes, por episódios depressivos.
Existem 9 sintomas característicos da depressão. Para que o diagnóstico de depressão possa ser confirmado, o doente depressivo deve apresentar pelo menos 5 destes sintomas quase todos os dias, durante 2 semanas, e pelo menos um dos dois primeiros da lista:
• Tristeza quase permanente, por vezes com lágrimas (humor depressivo).
• Perda de interesse e de prazer em relação a atividades do dia a dia, mesmo aquelas que costumam ser agradáveis (anedonia).
• Sentimentos de desvalorização e de culpa excessivos ou inapropriados.
• Ideias de morte ou de suicídio, sentimento de que a vida não vale a pena ser vivida.
• Abrandamento psicomotor (abrandamento de atividade, ou pelo contrário, uma maior agitação).
• Cansaço (astenia), sobretudo de manhã.
• Mudanças no apetite que podem provocar perda ou aumento de peso.
• Problemas de sono com insónias matinais.
• Dificuldade de atenção, de concentração e de memorização.
Para os doentes que apresentam entre 5 e 7 sintomas, a depressão é considerada ligeira ou moderada. Para além de 8 sintomas, é considerada severa.
Um primeiro episódio depressivo pode ter uma remissão espontânea num período de 6 a 12 meses. Mas os episódios isolados são bastante raros: uma primeira depressão anuncia, muitas vezes, uma recaída. Normalmente, as recaídas numerosas significam depressão severa. Quando a depressão persiste por mais de 2 anos, trata-se de uma depressão crónica.
Depressão pós-parto ou baby blues?
O nascimento de uma criança provoca muitas vezes, na mãe, emoções excessivas, com vontade de chorar de forma incontrolada nos dias após o parto: é o baby blues. As alterações hormonais e os fatores emocionais são a causa. A remissão é mais ou menos rápida.
Em algumas mulheres este humor persiste e pode tornar-se numa depressão. Vários fatores aumentam o risco de depressão pós-parto, como sentir-se só, ter dificuldades financeiras ou ter antecedentes de depressão.
Este estado pode pesar na relação precoce entre a mãe e o filho, ou mesmo pôr em risco a saúde do bebé (no caso de dificuldade em interessar-se pela criança e em cuidar dela). Neste caso, impõe-se um controlo rápido da situação.
A depressão nas crianças e nos adolescentes
A depressão não afeta só os adultos. Também afeta as crianças e os adolescentes.
Nas crianças e adolescentes, o diagnóstico é mais difícil de perceber que nos adultos. As manifestações da depressão variam em função do nível de desenvolvimento da criança. Contudo, certos sinais de depressão podem ser específicos nessas idades: nas crianças, a depressão manifesta-se com comportamentos de isolamento, de irritabilidade, de dores no corpo.
Nos adolescentes, a depressão também se manifesta com irritabilidade, agitação, agressividade, violência verbal ou de indiferença aparente, desinvestimento escolar ou através de comportamentos nocivas para a saúde: abuso de álcool, droga, medicamentos (ansiolíticos, hipnóticos). As ideias suicidas fazem parte dos sintomas da depressão dos adolescentes.
As complicações da depressão
Riscos de recaídas
As recaídas podem surgir em cadeia e os períodos de melhoria podem ser cada vez mais curtos. Neste caso a depressão é severa. Contudo, quando o adolescente beneficia de um tratamento e de um acompanhamento adequados, o risco de reaparecimento dos sintomas e o sofrimento diminuem. É por isso primordial o despiste precoce e eficaz, de distúrbios depressivos.
O risco de suicídio
As ideias de suicídio são frequentes na depressão. É importante falar com o médico de família ou familiares. A maioria das pessoas que têm ideias suicidas não fazem tentativas de suicídio. Mas o risco não deve ser subestimado. O risco de tentativa de suicídio é maior no caso de episódio depressivo.
Muitas vezes, é quando a depressão não é tratada que ela conduz ao suicídio. Nas pessoas tratadas e acompanhadas, o risco de suicídio é menor. É, por isso, primordial o despiste dos distúrbios depressivos, o seu tratamento e o acompanhamento das pessoas depressivas.
Como tratar a depressão?
Existem vários tratamentos eficazes para combater as formas moderadas ou severas da depressão. Os tratamentos antidepressivos e/ou a psicoterapia ajudam, na maior parte das vezes, a curar a depressão. O envolvimento do doente e a colaboração entre médicos e/ou profissionais da saúde são indispensáveis para o sucesso do tratamento.
O tratamento da depressão
A psicoterapia é preconizada para todo tipo de depressão. Com o tratamento, os sintomas depressivos diminuem, bem como a frequência das recaídas, podendo mesmo levar à remissão completa. A psicoterapia pode ser o único acompanhamento do doente ou estar associada a um medicamento antidepressivo.
Os antidepressivos
Os antidepressivos são medicamentos prescritos por um médico de modo a reduzir os sintomas da depressão e as suas consequências. Existem vários tipos de antidepressivos que agem, através de diversos mecanismos, na produção de certos neurotransmissores.
Os antidepressivos não agem imediatamente e é necessário 2 a 4 semanas para que haja uma melhoria dos sintomas. Uma paragem precoce do tratamento pode ser a origem de recaídas da depressão. A paragem, quando justificada, deve, imperativamente, ser discutida com o médico e deve ser feita progressivamente, durante várias semanas.
É possível, com uma boa higiene de vida, reforçar a eficácia do tratamento, tornar a cura mais rápida e evitar o aparecimento dos sintomas.
A prática de uma atividade física
A prática de uma atividade física provoca modificações bioquímicas no organismo: ao fim de 30 minutos de uma atividade física moderada ou intensa, o corpo segrega uma substância chamada endorfina que tem um efeito ansiolítico que diminui os sintomas da depressão.
É aconselhado praticar uma atividade física regular de intensidade moderada: 30 minutos 5 vezes por semana de ioga, andar a pé, bicicleta, natação, ginástica em ginásio…
A atividade física permite também regular o sono e diminuir os problemas de sono relacionados com a depressão.
Uma alimentação saudável e equilibrada
É importante adotar um ritmo regular para as refeições e uma dieta alimentar equilibrada, na qual se privilegia a fruta e os legumes frescos, o peixe e os óleos vegetais, de modo a limitar os problemas de apetite relacionados com a depressão.
Evitar o consumo de álcool ou outras substâncias aditivas
Os efeitos destes produtos, no funcionamento do cérebro, podem agravar os sintomas da depressão e interferirem com os medicamentos, ao diminuírem os seus efeitos terapêuticos.
(MGEN Saúde){jcomments on}