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Festa do Livro

Festa do Livro

Em tempo de rebaixas não há mãos a medir – basta olhar para os minicarros de compras, semelhantes aos dos supermercados, que os visitantes da XVI feira do livro têm à sua disposição logo à entrada. José Carvalho, com os óculos na ponta do nariz, inspecciona uma das bancas como quem procura um tesouro muito definido. “Eu sou um bocadinho cota, como dizem os jovens, e gosto de ler livros do início do século XX”, afirmou à Viva, entre gargalhadas, enquanto procurava obras de Raul Brandão e Teixeira de Pascoaes. “Vou continuar a minha ronda a ver o que encontro, mas penso que estes autores portugueses não estarão aqui porque são muito antigos”, notou José Carvalho. “Já consegui encontrar alguns pela cidade, mas estão a ser esquecidos”, acrescentou.

Uns metros à frente de José Carvalho – e entre dezenas de pessoas atentas aos títulos expostos – está um casal de namorados a observar a banca dos livros infantis. Mas as opções de leitura não se esgotam aqui. O certame apresenta cerca de 400 mil livros das mais diversas áreas: culinária, arte, biografia, vinho, saúde, música, automobilismo e humor. “A festa está organizada por preços e por temas para que os visitantes possam percorrer o espaço com alguma organização”, salientou à Viva Francisco Madruga, director da editora Calendário de Letras.

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Organização parece ser, de facto, a palavra-chave da Festa do Livro, na qual os visitantes percorrem as muitas bancas quase que em filinha indiana. A maior parte das obras apresenta um desconto de 50% por ter mais de 18 meses. “Nesta festa as novidades são sempre os livros que entram em saldo nesse ano”, afirmou Francisco Madruga, esclarecendo que existem cerca de 18 mil títulos que podem entrar em saldo anualmente.

Além do preço, a raridade de algumas obras é outro dos aspectos a destacar. “Temos algum stock de livros raros, de editoras que, por vários motivos, deixaram de existir”, afirmou o director da Calendário das Letras, referindo-se, por exemplo, a “obras de Torga, de capa branca e fechadas à moda antiga”.

Cinco mil visitantes nos primeiros dias

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Em declarações à Viva, Francisco Madruga assegurou que a adesão à XVI Festa do Livro “está a ser bastante boa”. “A iniciativa conta já com uma história de 16 anos e, mesmo que não a divulguemos, as pessoas procuram saber quando é que se realiza”, notou. O certame encontra-se, pelo segundo ano consecutivo, na Fundação Dr. António Cupertino de Miranda e já passou por locais como o Palácio de Cristal e o Mercado Ferreira Borges.

“Na primeira semana recebemos cerca de cinco mil visitantes e, até ao fim da festa, estimamos ter entre 15 e 20 mil visitas”, referiu.

Difundir a leitura por toda a cidade do Porto

Para Francisco Madruga, “as pessoas estão mais sensibilizadas para a importância dos livros”, graças à “própria política governamental”. “Por exemplo, grande parte dos municípios portugueses já tem bibliotecas municipais, o que acaba por contribuir muito para o aumento da leitura”, apontou.

José Carvalho acredita que “eventos destes deviam ser constantes durante o ano, apresentando livros de vários temas a preços acessíveis”. “A feira é uma mais-valia mas devia alargar-se a outros pontos da cidade. Os jovens de Campanhã, por exemplo, são capazes de não vir cá, porque fica longe, por isso, é bom que estes eventos se espalhem”, defendeu. Ainda assim, fica registada a satisfação do curioso que seguiu caminho, sorridente, em busca da “delícia” de obra de Teixeira de Pascoaes.

Mariana Albuquerque

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