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Rumo a Terras de Gundemarus

Rumo a Terras de Gundemarus

Os gondomarenses defendem, no entanto, que o espírito da romaria já não é o mesmo. Cláudia Magalhães, 22 anos, sente que “o Rosário perdeu o encanto”. “Se antigamente o carácter religioso assumia alguma importância, hoje isso não acontece (…) e muita gente vai à festa para reencontrar amigos, comer farturas e andar nos divertimentos”, explicou a jovem residente em Gondomar, acrescentando que “muitos nem se lembram que no feriado se realiza a procissão” em honra a Nossa Senhora do Rosário e dos padroeiros S. Cosme e S. Damião. 

gond_1José Soares de Almeida, elemento das confrarias, viveu outros tempos de romaria. “A menina não imagina”, afirmou à Viva com ar nostálgico. “Antigamente nós sabíamos viver a festa, agora está mais pagã. Nos carrosséis vê-se muita gente nova, mas só mesmo pelo divertimento”, nota o gondomarense de 67 anos. Para Soares de Almeida, o espírito de entreajuda que caracterizava a romaria foi-se perdendo ao longo do tempo. “Há muitos anos, eram as nossas mulheres que cozinhavam para os convidados ilustres do Rosário e comprava-se palha para os músicos passarem a noite. Agora está tudo diferente”, disse.

Ponto de encontro de amores

“A primeira vez a que assisti à festa foi há mais de cinquenta anos”, afirmou Soares de Almeida, recordando que no Largo do Souto existiam dois coretos, carrosséis e as típicas barracas de comes e bebes. Episódios de namoro? “Uiiiiiiiiiii”, afirmou o gondomarense em tom malandro, acrescentando que o Rosário era uma festa em que qualquer rapaz estreava um fato. “Toda a gente ia ao Porto comprar roupa ou uma fazenda para os alfaiates trabalharem”, revelou, sorridente. “Até porque nesta procissão não é permitido ir sem fato e gravata”, acrescentou.

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De acordo com o membro da confraria, há 50 anos existia, na zona da romaria, um bar das Conferências de S. Vicente Paulo e, a poucos metros, um dos bombeiros. “As moças iam para lá servir e os homens deslocavam-se à festa para verem as raparigas prendadas”, confessou à Viva.
Também Cláudia Magalhães reconhecia na Feira das Nozes um ponto de encontro de amigos. “Há oito anos esta festa era um motivo de ansiedade para os jovens que iam sair sozinhos com os amigos. (…) Mesmo que os concertos não lhes agradassem, faziam questão de ir pelo simples facto de sentirem liberdade. Era uma animação”, garantiu a jovem.

Programa variado

Até 10 de Outubro, o programa da romaria reserva ainda um concerto da banda “Expensive Soul”, um encontro de dança rítmica e de coros, uma sessão de fogo-de-artifício e a grande procissão em honra a Nossa Senhora do Rosário, na segunda-feira, 2 de Outubro. “Tentamos fazer um programa variado, dentro das possibilidades”, garantiu Soares de Almeida, aproveitando para apelar à visita das pessoas. “Apareçam. Gostava que entendessem aquilo de que falo”, salientou.

Mariana Albuquerque

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