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Solidão interfere na saúde dos idosos, revela estudo do CINTESIS

Solidão interfere na saúde dos idosos, revela estudo do CINTESIS

Cerca de 91% dos idosos seguidos nos cuidados de saúde primários revelam sentir algum grau de solidão, o que interfere significativamente com os cuidados de saúde, aponta o estudo liderado pelo CINTESIS – Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde, em parceria com a Administração Regional de Saúde do Norte (ARS-Norte).

A investigação pretendia avaliar o impacto da solidão em idosos que estão a ser seguidos num centro de saúde. Para isso, foram entrevistadas 150 pessoas, com 65 anos ou mais, de uma zona urbana do Norte de Portugal.

Os resultados revelaram que a solidão interfere com os cuidados médicos, sendo que os idosos que reportam níveis de solidão elevados estão mais frequentemente polimedicados. “A solidão leva a um aumento do recurso aos serviços de saúde, como comprovamos através da relação desta com o consumo crónico de medicamentos, especialmente entre os idosos com mais de 80 anos de idade”, explicam os investigadores, citados pelo portal de notícias da Universidade do Porto. De referir que o estudo foi publicado na revista científica Family Medicine & Primary Care Review.

“É importante que se perceba que a solidão nos idosos leva a maior somatização do seu sofrimento e aumenta o risco de serem sobremedicados”, defendem Paulo Santos, investigador do CINTESIS e professor da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), e Catarina Rocha-Vieira, da ARS-Norte.

Por isso, apelam para que se definam “estratégias para reduzir a solidão entre os idosos, como forma de melhorar os indicadores individuais de saúde e diminuir o risco de sobrediagnóstico e de polimedicação”. Algumas das estratégias apontadas pelos autores e que podem reduzir a solidão e melhorar a saúde da população mais idosa passam por procurar companhia, participar na vida familiar e manter rotinas diárias ativas, que assegurem o contacto com outras pessoas.

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Os autores defendem que “devem ser tomadas medidas políticas, legislativas, sociais e de saúde que promovam a manutenção de uma vida ativa após a reforma, de modo a estimular o sentido de utilidade dos idosos, protegendo-os da solidão e das suas consequências em termos de saúde”.

Os investigadores concluíram ainda que ter mais de 80 anos de idade, viver sozinho, possuir um baixo nível educacional (menos de 9 anos), estar insatisfeito com os rendimentos e ter uma estrutura familiar disfuncional são os principais fatores que se associam à solidão. Já ser casado ou viver em união de facto e manter uma atividade profissional surgiram como fatores protetores.

A solidão é comum na população geriátrica e interfere significativamente com os cuidados de saúde, devendo ser considerada um determinante de saúde. “Incorporar esse fator no raciocínio de decisão clínica é fundamental para melhorar os cuidados de saúde”, concluem os investigadores.

O estudo foi conduzido numa zona urbana do Norte de Portugal que apresenta uma proporção de população idosa ligeiramente abaixo da média nacional (estimada em 19%). Os investigadores consideram que nas regiões mais envelhecidas, como nos distritos do interior e no Alentejo, o problema pode ser ainda maior.

O estudo contou ainda com a participação de Gustavo Oliveira (da Unidade de Saúde Familiar Garcia d’Orta) e Luciana Couto (investigadora do CINTESIS e professora do Departamento Medicina da Comunidade, Informação e Decisão em Saúde da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto).

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