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Sogrape - Mateus Rosé

Tenho dois cães. Não vão a restaurantes

Tenho dois cães. Não vão a restaurantes
Gosto muito de animais, sempre gostei. Já tive gatos, agora tenho cães. Em tempos que vão, tive uma égua. Esforço-me muito por não impor os meus animais a terceiros. Não vou de elevador com eles à rua, vou de escadas. Se alguém vai jantar lá a casa, pois faço por não os ter em casa, vão ali passar umas horas com alguém que os trate bem. Apanho dejectos na rua e não os solto nunca. Esforço-me para os educar e nunca, nunca mesmo, vou dizer a uma criança (ou adulto) com medo de cães: não sejas parvo, ele não morde. Respeito o medo dos outros.
Não vou levar os meus bichos para os restaurantes, da mesma forma que não os levo para a praia, para o bar, para a piscina, para os jardins cheios de crianças. Não gosto menos dos meus bichos por causa disto. É uma forma de estar. Sei que muitas pessoas considerarão que a nova lei é uma boa coisa. Ficará ao critério de cada um, já se sabe, e também dos donos de restaurantes.
Há, contudo, um aspeto crucial que creio não ser de somenos: os animais sofrem em espaços nos quais não se podem movimentar e sofrem mais ainda com cheiro de comidas que lhes estão interditas. Este é, como dito de início, o meu entendimento e ajo de acordo com esta ideia. Da mesma forma que, pese o amor que lhes tenho, reconheço-lhes a origem, logo não os visto, não lhes meto ganchos ou roupinhas e lenços à Xutos & Pontapés. São animais. São bons animais e excelente companhia, mas não são comparáveis com seres humanos. É que uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa.
Dirão que há animais que são tão importantes – ou mais – que muitos familiares. De acordo. Mas há mínimos olímpicos de higiene que me afligem nas idas aos restaurantes e afins. A minha cadela larga mais pelo quando se deita do que aquele que a cabeleireira atira para o chão sempre que me corta o cabelo. Os cães largam pelo. É um facto. Então, caso encontre um restaurante que o permita, com tanta fiscalização e afins, vou levar o meu animal e conspurcar o sítio? Ou vamos pensar que os donos de restaurantes têm de estar preparados para tal? E, já agora, para necessidades fisiológicas inesperadas?
Enfim, sei que para muitas pessoas esta questão é sensível e, decerto, alguém se encarregará de me colocar na ordem. Eu sou teimosa e vou manter os meus cães em lugares onde possam ser felizes e farei por ser o mais civilizada possível, apanhando dejectos da rua com um saco para o efeito, afastando os cães de crianças e idosos, de sítios que possam ser perigosos (cuidado com os vidrões, por perto estão inexplicavelmente vidros mínimos que se enfiam nas patas) e nunca os deixando andar a vaguear livremente. Não sei o que pode acontecer, creio que tudo pode acontecer e é para isso que existem trelas e, por outro lado, espaços específicos para cães correrem.

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(Patrícia Reis, in Sapo 24){jcomments on}

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